OUTRA HISTÓRIA IGUAL A DA RIHANNA – A Dependência do amor e do abuso

E o dia Internacional da Mulher chegou outra vez.
Faço uma reflexão e me pergunto o que mudou.
Lembro-me há um tempo atrás, de estar em um lugar muito perigoso, não para os outros, mas para mim mesma. Por um período de 7 meses, eu vivi uma história muito semelhante à da Rihanna, lembra dela? Ela é a cantora, que eu quase não ouvi falar, como vocês, antes do escândalo de seu abuso, em 2009.
Parafraseando P.P. Didi, eu também descobri que deixei meu sonho para trás e quase esquecido: “Se você não está seguindo o seu sonho, é um sinal de que você não está se movendo o rápido suficiente”, na sua entrevista para a Ellen Degeneres, no seu programa de 10 de março de 2009.
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Embora a maioria das informações não coincidam, algo me faz lembrar dela.
Um desses itens refere-se a negação ao fazer a distinção dos primeiros sinais do abuso mental, físico e emocional. Muitas mulheres não percebem este abuso. Como diferenças claras, para citar alguma, seria a das origens. Eu não conheci abuso ao meu redor. Como as crianças da época, entendemos disciplina, não abuso. Eu consigo ver o controle e a superproteção na família. Mesmo que esses detalhes não apontem para as raízes da questão, eu ainda me sentia identificada com ela naquele momento.

Ao escrever este texto, eu isolei três elementos fortes para a concessão de abuso:
• História de abuso anterior na família de origem;
• Intensa necessidade de alimentar a vítima encontrada no ‘outro’. Como mulheres, nós viemos de um lugar de carinho, preparadas desde o nascimento para ser mães, bem como das que nutrem.
• Em casos semelhantes, além disso, as mulheres tendem a se machucar antes dos outros, protegendo-os, de acordo com estudos na area.

Carl G Jung, o Psicanalista suíço, se voltaria para o inconsciente e ao inconsciente coletivo para explicar. Segundo ele, nós, mulheres, compartilhamos a história de nossos parentes ancestrais, ‘das meninas’, bem como de toda a humanidade que veio a este mundo anteriormente. Sendo Psicóloga, com experiência anterior nas questões de relacionamentos, bem como abuso de substâncias, e nascida no Brasil, em Curitiba, um país emergente, deparei-me muitas vezes com a experiência de abuso emocional e físico de minhas clientes.

Naquele mesmo ano, Oprah lançou uma semana de programas para todas os Rihanas do mundo, e nesse ano me lembro o quão coletiva era a experiência de sentir-se identificada com o tema e quantas outras tambem se sentiram assim ou talvez tivessem deixado seus “Chris Browns”, no mesmo ano. Algumas simplesmente não puderam fazê-lo.

O alto nível de violência e obsessão que implica em estar no relacionamento cercado por declarações como “eu vou te encontrar, em qualquer lugar que você vá”, permanecem em sua mente por um longo tempo. Muitos dos homens abusivos utilizam este argumento não só para possuir uma mulher, bem como para fornecer evidência em suas mentes de que isto é amor.
A outra declaração “eu vou te matar, se você me deixar” soa tão natural para os controladores. Quantas mulheres não conseguem enxergar quando os limites estão muito esticados e, em seguida, tornam-se vulneráveis a esse chamado ‘amor’?

O processo de encontro das Rhyannas é para aquelas que estão abertas o suficiente para falar sobre, e se curar na próxima etapa. Como resultado, até mesmo uma família nova pode surgir, pessoas que estão compartilhando o processo de cicatrização, crescimento e assim, estabelecer novas perspectivas juntos.

Podemos nós, mulheres, justificar uma atitude apenas por sermos viciadas em sermos amadas? O foco apaixonado da intensidade do sentimento, o drama e o ciúme que acompanham o processo extremo do abuso podem ser algumas das ligações para esses fatos. O resto são pedaços de informação obtidos através dos anos da minha experiência.

Pessoalmente, esta história me fez mais forte sabendo muito melhor o que eu quero com base no que eu não quero. Espero que sirva para as amigas ‘Ryannas de todo o mundo’, em seu dia, independentemente da nacionalidade. A fórmula agora parece simples, aceitação dos fatos, o perdão depois de tudo e, em seguida,  meninas, sigam em frente, por favor.

Boa sorte.

6 thoughts on “OUTRA HISTÓRIA IGUAL A DA RIHANNA – A Dependência do amor e do abuso

  1. Thank you for sharing … you brought me back to a time where at times, time itself seemed to stand still. I remember a time where I lived in a daily fear of not knowing what the trigger point of the day was going to be. I remember creating a space, a mental space of survival…I remember. Abuse is abuse, husband, boyfriend, partner, father, brother…yes I too had my share of it. Stay strong Lilian and know that it is by sharing that we empower one another. Thank you and God bless. Gilda

    • thank you, Gilda… I remember writing at that point back in ’09. How difficult it was! Today I made peace with the situation and was even able to talk to him over the phone and see that I clearly overcame what was once an issue.
      God bless us all!

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